Em 3 de novembro de 2009, o site Bacante em Obras promoveu um bate-papo no seu canal, mapeamento eternamente em construção, conosco. Leia na íntegra e descubra um pouco mais sobre quem somos e as atividades que promovemos.
Facetas, Mutretas e Outras Histórias – Natal – RN
Representante: Ênio Ewerton de Sá Cavalcanti
1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?
A gente tá participando de vários editais, a gente é ponto de cultura, a gente foi contemplado com Myriam Muniz ano passado e a gente tem alguns projetos lá dentro como um espaço de experimentação, a gente abriu um bar, que a gente tem uma sede que é rateado com outros grupos que não são de teatro, um é um grupo educacional e o outro é uma ONG feminista que atuam no mesmo espaço que a gente.
A gente tá chamado de TECSOL – Território de Educação, Cultural e Economia Solidária, a gente tá transformando esse espaço num espaço que agrega vários projetos sociais, educacionais e culturais. E a gente tá gerindo esse espaço e a gente trabalha nessa perspectiva de editais, projetos. Aí a gente estreou um espetáculo agora que foi contemplado pelo Myriam Muniz e há perspectiva de Festivais com esse espetáculo.
Mas é instável o financeiro do grupo porque depende dessa aprovação, depende de muito trabalho, tipo a gente precisa trabalhar muito agora pra daqui a seis meses ter, entendeu? Então a gente vai trabalhando sempre pensando lá na frente, já tentando fechar um trabalho pra 2010, um cronograma, é muito importante fechar um cronograma pra poder ter um resultado financeiro também.
E a gente também, vez ou outra, por exemplo, lá no Rio Grande do Norte tem espetáculos de fim de ano e a gente abre espaço pra que o grupo participe, o grupo dá umas férias porque é um cachê legal e os atores dependem… então a gente também faz free lancer, trabalho de poesia, por exemplo. Tanto os atores fazem free lancer como o grupo faz alguns pequenos trabalhos comerciais, comerciais no sentido de que você contratado pra fazer determinado trabalho, como um sarau, ou apresentar uma esquete sobre determinado tema, enfim.
2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?
Olha, quando se fala de Nordeste, assim, a gente sempre traz o referencial nordestino pra dentro do grupo, como por ser nordestino a gente já tem o preconceito aí de a gente vir com determinado tipo de trabalho.
A gente procura examinar isso, sim, reconhecer isso, nosso trabalho de criação ele se dá no litoral, no interior, a gente vai, faz workshop, conversa, faz um trabalho que procura ver a relação com os aspectos econômicos e sociais. A gente tem um projeto de circulação de espetáculos que a gente procura não só apresentar, mas conhecer a principal atividade econômica do município que a gente tá, e como é que se dá a educação, a comunicação, então a gente procura ao máximo trazer isso a nível de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, mundo, a gente abre muito essa discussão pra que ela não se feche num estereótipo de um determinado trabalho. A gente tá, por exemplo, examinando agora, por opção do grupo, o Nordeste, a temática do grupo no novo trabalho é o Nordeste, mas no trabalho que a gente estreou agora não é. Mas toda nossa vivência porque nós somos de lá e o espetáculo é impregnado com esse discurso do ator também, das dificuldades que a gente tem lá, dos teatros, de como é difícil estar em cartaz, como é difícil pagar, tem muito menos espetáculos do que aqui.
A opção de trabalhar com uma linguagem contemporânea, com alguns formatos da linguagem contemporânea também porque a gente acredita que a cidade precisa estar vivenciando também, talvez o grupo tenha uma função nesse sentido… já que a gente gosta de fazer aquilo, por que não optar, e por mais que aquilo não esteja impregnado da cultura popular nordestina, é uma cultura nordestina por mais que ela tenha um formato contemporâneo, trabalhe uma coisa que vem de fora, enfim. Mas a gente pesquisa, por exemplo, muito da linguagem contemporânea dentro do convencional. A gente acha que a tradição e contemporaneidade estão super ligadas, assim. A tradição ela tem que mudar, se não ela não existe, né?
3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?
Hoje o grupo é uma casa, uma família, no que diz respeito ao artista mesmo, a gente se vê muito mais como artista do que como atores, porque o ator tá ligado ao intérprete. A gente faz o trabalho com pessoas de fora, e dentro do grupo é completamente diferente, assim, dentro do grupo, o que une mais a gente é a possibilidade que o grupo dá de eu estar trabalhando o meu indivíduo ali dentro, de eu estar colocando a minha vontade artística. Por exemplo, a gente tirou o diretor, a gente trabalha com direção em grupo, a direção é coletiva, é assinada pelo grupo, não tem uma pessoa…
Talvez esse seja um dos motivos, pra que a gente possa ainda mais falar dentro do grupo, então acho que, no caso do Facetas, o que faz mais a gente estar lá dentro é esse espaço que o grupo deu de você colocar o que você quer e realmente o que vai pro palco é o que o ator, o que as pessoas do grupo estão querendo fazer, estão querendo falar. Virou um espaço muito bom de discussão, de argumentação, de vivência, então esse espaço confortável pra o ator acho que é o mais importante pra todo mundo gostar de estar lá.
São três pessoas, né? São quatro, mas três atores, essa quarta pessoa coordena o ponto de cultura, coordena os projetos gerais do grupo. Então é um grupo pequeno, a gente se sente muito em casa, assim. A gente tá há dez anos, desde a escola, o grupo começou no segundo grau e a gente tá junto já há um tempo, desde quando é mais novo que você pensa diferente do que agora…
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