quarta-feira, 4 de maio de 2011

Relato dos participantes das oficinas do Ponto de Cultura Rebuliço em 2010

Clau Zem fazendo o padre na peça "Brincantes do boi".
Foto: Rodrigo Bico


Relato de Clau Zem, integrante da oficina de teatro do grupo Facetas. Ator do espetáculo Bricantes do Boi dirigido por Enio Cavalcante.

Em dezembro de 2010 tive a honra de ser convidado para compor o elenco da peça “Brincantes do Boi”, que estava sendo produzida pelos alunos do Ponto de cultura rebuliço, como resultado da oficina ministrada por Enio Cavalcante.

Faltando dez dias para a apresentação dos trabalhos na “Mostra Carlão Lima”, um dos atores havia tomado doril, ou seja, sumido... Tendo ido ate a sede do Grupo Facetas no TECESOL, buscar informações sobre as oficinas, uma vez que por motivos de trabalho tive que passar 06 meses afastado, encontrei com Enio, que sem maiores delongas me fez o intempestivo convite:
_ Você já foi aluno da oficina, por isso acredito que conseguira encarnar o personagem, mesmo faltando pouco tempo...

Com muita relutância, aceitei. Meu primeiro impulso era o de devorar o texto, tentar decorá-lo a qualquer custo, afinal a apresentação seria em poucos dias e eu estava muito ansioso. Mas, o jeito FACETAS de fazer teatro me fez entender que, aprender o texto era importante, mas se tornaria um elemento secundário diante do verdadeiro processo de compreensão do universo dos personagens, seus sonhos, crenças, anseios...

Nesses poucos dias que faltavam passamos a nos reunir diariamente, às vezes mais de uma vez por dia. O desafio do grupo, sob a direção de Enio, era o de me fazer despertar para um contexto do qual eu nada sabia, pois não conhecia o auto do boi e nunca havia me interessado por cultura popular. Longos debates foram travados antes, durante e após os ensaios, acerca do contexto histórico, social e cultural dos personagens. Em alguns momentos cheguei a pensar que tais conversas eram perda de tempo e que eu deveria apenas tentar aprender o texto e ensaiar muuuiiito... Contudo, nos próprios ensaios fui me conscientizando de que o simples decorar texto e tentar imitar trejeitos termina por dar um tom de artificialidade a peça e que e primordial que se consiga fazer a ponte entre a própria busca pessoal do ator e a essência interior do personagem. A partir desta compreensão, o trabalho realmente passou a fazer sentido e por incrível que pareça nos conseguimos realizar o impossível!

A peça “Brincantes do boi“ foi um sucesso na Mostra de Arte Carlão Lima, bem como em apresentações na rua ou no pátio de escolas. Mas o trabalho não terminou, ele esta apenas começando. Estamos agora num processo de aprofundamento de pesquisa sobre as raízes históricas do auto do boi de reis. Quanto mais estudamos, mais a ponte se fortalece... Mas vamos deixar esse assunto para um próximo artigo.

Levanta, Boi!!!!!!!!!!!!!

Kiko lopes fazendo Catirina na peça "Brincantes do Boi". Foto: Rodrigo Bico


Relato de Kiko Lopes, integrante da oficina do grupo Facetas. Ator e dramaturgista do espetáculo “Brincantes do Boi” dirigido por Enio Cavalcante.

Em todo o processo de experiência, do qual eu tive durante a oficinas de teatro, em relação as improvisações, adaptação, a lidar com o público no espaço, com diferentes espectadores. Tudo isso me deu uma aproximação ativa de como deve se comportar o ator dentro desse processo que é a carreira profissional. Durante nossos ensaios, improvisações, deu-se cada um a sua identificação ao seu personagem, no qual agente tinha discutido, as falas do personagem, estética, a criação da estética em relação da época, que tipo de trajes usavam, etc..

O mais importante de tudo isso, é saber que nada fizemos sozinhos, tivemos eu Kiko e o Enio, um processo de “recriação” da historia do Bumba meu Boi, a relação do homem e o boi, uma historia que se enfatiza em um grupo de brincantes, dentro desse contexto, criamos um texto, demos um nome uma marca registrada “Brincantes do Boi”, tudo aquilo que vem do povo numa cultura popular brasileira.

Depois de todo o processo de aprendizado tivemos a oportunidade de apresentar o nosso trabalho, no próprio ponto de cultura, na Mostra de Arte Carlão Lima, na casa da Ribeira (projeto Cena Aberta), Redinha, e também no lançamento do ponto de Cultura Bandeira Lilás, em Petrópoles, pra mim foi muito gratificante ter realizado um trabalho que teve andamento, um bom resultado, para continuarmos passando alegria e conhecimento do que é cultura.

“O futuro pertence a todos que acreditam na beleza de seus sonhos, sonhar mais um sonho, faz parte do processo humano, a conquista só é conquistada, quando corremos atrás e conseguimos aquilo que agente quer.”



2 comentários:

Rosinaldo Luna disse...

Uns fazem cultura, outros fazem arte e eu fico perguntando qual a diferença entre ambas. Pois se cultura e a identidade do povo arte é sua manifestação com olhos embargados de emoção. Tudo isto vejo nos meninos e meninas do facetas, que há bastante tempo promovem cultur a e arte, juntos e da melhor qualidade.

Anônimo disse...

Penso que cultura é a arte em movimento, ou seria arte a cultura em movimento? A todo momento...